Documentário Contestado: Memórias e Esperança

11/06/2020 18:33

Sinopse

O silêncio, a invisibilidade e o subdesenvolvimento imposto ao povo caboclo depois da guerra. A superação da vergonha, o renascer da esperança e da crença na felicidade por meio do resgaste da história e da valorização da memória de um povo.

O documentário “Contestado – Memória e Esperança” apresenta ao telespectador as memórias transmitidas secularmente pela história oral do sertão contestado, palco da Guerra do Contestado que ocorreu entre 1912 e 1916 no interior dos estados do Paraná e Santa Catarina, no Sul do Brasil.

Pela historiografia oficial, a Guerra do Contestado matou dez mil pessoas. Considerando-se a limpeza étnica promovida pelos jagunços milicianos na época, o número de mortos pode passar de trinta mil pessoas, fazendo do Contestado um dos maiores crimes contra a humanidade registrado nas Américas.

O documentário “Contestado – Memória e Esperança” foi produzido pela TV UEL em parceria com o Observatório da Região e da Guerra do Contestado.  A equipe percorreu mil e seiscentos quilômetros com o Projeto de Pesquisa e Extensão da Universidade Estadual de Londrina “Vivenciar e Agir Sobre Terras (in)contestáveis” que desenvolve na região um trabalho de resgaste das memórias do Contestado.

Ao longo do documentário, o público vai passar pelos caminhos do profeta João Maria e ver sua estreita ligação, até hoje, com os costumes, a cultura e a resistência cabocla. E terá a oportunidade de compreender como o resgate da identidade e da história de um povo pode ajudar uma população, com um dos menores índices de desenvolvimento humano do Brasil, a vislumbrar um futuro melhor.

Para ver o documentário na íntegra acesse aqui.

Ficha técnica

Título: Contestado: memória e esperança

Ano produção: 2019

Direção:  Celio Costa, Marco Antonio Barros e Soraia Barros

Estréia: 12 de agosto de 2019 ( Brasil )

Duração: 52 minutos

Classificação: Livre

Gênero: Documentário

Países de Origem: Brasil

Produtores: Celio Costa, Marco Antonio Barros, Nilson Cesar Fraga e Soraia Barros

Agradecemos ao pesquisador Nilson Fraga e a Tv Uel pela permissão de editar o documentário, utilizar os cortes considerados mais importantes para o nosso objetivo e por nos enviar a sinopse. Desta forma, esperamos levar este belo trabalho a um maior número de pessoas, valorizando assim a história do Contestado, tão importante para os moradores da região do Vale do Contestado na Serra Catarinense.

Edição e legenda por Alexandre Lima de Oliveira, Francine Soares de Almeida e Karen Wesseler Jung.

Vale dos Imigrantes: primeira ação na promoção do Turismo

11/06/2020 11:51

A Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina (Santur) promoveu em 3 de junho de 2020 reunião com representantes da região turística Vale dos Imigrantes. Participaram da reunião secretários de turismo, empresários, entidades da região e também representantes da Instância de Governança Regional (IGR).

Desde a mudança no nome do Vale do Contestado para Vale dos imigrantes, proferida em 4 de julho de 2019, esta é a primeira ação noticiada em prol do desenvolvimento do turismo da nova região. A reunião tem como objetivo a discussão e as necessidades da região para a retomada das atividades turísticas com a pandemia do novo coronavírus.

O presidente da Santur, Mané Ferrari, afirma que desde que foi decretada a quarentena em Santa Catarina, a Agência tem trabalhado em busca de soluções para o enfrentamento dos impactos da pandemia no turismo: “Foi montado um gabinete de crise que está em constante diálogo com o comitê do Governo que centraliza as ações de combate à Covid-19. Já tivemos alguns avanços, como reabertura gradual dos meios de hospedagem e dos serviços de alimentação. Agora, com base no último decreto do Governo do Estado, estamos trabalhando na construção de normativas para a reabertura de parques e zoológicos, avançando pouco a pouco, até chegarmos na liberação dos eventos”.

Entre as pautas da reunião, destaca-se o programa Viaje Mais SC, que incentiva os moradores do estado a conhecerem melhor a riqueza cultural de Santa Catarina. O programa será implementado em seis etapas, gradativamente, começando com o lançamento de um selo para os estabelecimentos que cumprem com as normas sanitárias de combate à Covid-19 e oferecem produtos diferenciados. O lançamento do programa está previsto para o mês de junho. 

Além disso, o gestor da Instância de Governança Regional (IGR) Vale dos Imigrantes, Yuri Hentz, acrescentou que uma das ações de suma importância é a atualização da sinalização turística na região, projeto que já está em andamento na Santur e integra o programa Viaje Mais SC: “ É muito importante ter a sinalização adequada na hora de vender o destino”.

A substituição da sinalização do antigo Vale do Contestado parece sacramentar a mudança no nome da região de forma definitiva. Para mais informações sobre a mudança, acesse aqui a postagem.

Fonte: SANTUR, 2019

Referências

SANTUR, Agência De Desenvolvimento Do Turismo De Santa Catarina. Medidas de apoio ao turismo são discutidas em reunião entre Santur e trade da região Vale dos Imigrantes. Governo de Santa Catarina, 2020. Disponível em: <http://sol.sc.gov.br/index.php/informacoes/noticias/5293-medidas-de-apoio-ao-turismo-sao-discutidas-em-reuniao-entre-santur-e-trade-da-regiao-vale-dos-imigrantes>. Acesso em: 11 de jun. 2020.

SANTUR, Agência De Desenvolvimento Do Turismo De Santa Catarina. Mapa do Turismo. Disponível em:<http://santur.sc.gov.br/index.php/multimidia/mapa-do-turismo>. Acesso em:  11 de jun. 2020.

Texto por Karen Wesseler Jung.

Exibição “Nas ruínas de Curitibanos: vestígios de uma invasão durante a Guerra do Contestado”

27/05/2020 21:48

A Exposição “Nas ruínas de Curitibanos: vestígios de uma invasão durante a Guerra do Contestado”, realizada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, trouxe pela primeira vez à cidade documentos e fotografias da Guerra do Contestado. A exposição começa no dia 26 de setembro de 2019, exatamente no mesmo dia da invasão, 105 anos antes.

Fotos tiradas na exposição por Karen Jung.

 

Atrativos Turísticos da região do Vale do Contestado

21/05/2020 18:36

O Vale do Contestado, onde ocorreu a Guerra de 1912 – 1916, apresenta a presença dos imigrantes italianos, alemães e japoneses, além dos caboclos e indígenas originários da região, criando um local de grande pluralidade cultural que atrai turistas de todas as regiões do Brasil e do mundo. Recentemente, no dia 4 de julho de 2019, a Instância do Governo Regional do Vale do Contestado proferiu a decisão de mudar o nome da região para Vale dos Imigrantes, gerando muitas críticas pelos pesquisadores e moradores da região. Para mais informações sobre a mudança, veja o post aqui. Tal decisão, tem como maior objetivo aumentar os atrativos turísticos da região com viés econômico, objetivando o aumento do desenvolvimento regional. No entanto, há vários festivais culinários, pontos turísticos, e outras atrações que, com o devido estímulo governamental para o aumento de recursos e ampliação da infraestrutura das cidades, poderiam levar ao crescimento do turismo sem a alteração do nome da região. A seguir exemplos de ações em que o nome do Vale do Contestado é muito bem aproveitado em várias cidades:  

Principais destinos

O Vale do Contestado é composto por vários municípios, dentre os quais: Treze Tílias, Fraiburgo, Piratuba, Videira, Tangará, Pinheiro Preto, Porto União, Itá, Seara, Frei Rogério e outros como Campos Novos e Curitibanos que, logo após a BR-116, são as primeiras cidades de um vasto território que avança em direção ao Oeste do Estado de Santa Catarina. Campos Novos e Curitibanos conservam muitas características da Serra Catarinense: planuras, pastoreio de gado, costumes campeiros e jeito ‘gaudério’ de falar e vestir (comportamento típico). Já Joaçaba e Concórdia são cidades progressistas e principais centros econômicos da região. A multiplicidade de paisagens, pessoas e culturas é o maior atrativo da região, por exemplo a cidade austríaca de Treze Tílias, que possui muitos pontos de visitação.

Portal da cidade de Treze Tílias. Fonte.

Já as cidades de Videira, Tangará e Pinheiro Preto fazem parte do Vale do Vinho, colonizadas principalmente por italianos. A vinícolas da cidade de Pinheiro Preto, como a Vinícola da Serra recebe visitantes para tour guiado e degustação. O clima temperado e o vinho excelente fazem dessa região um ótimo destino durante o inverno.

Vinícola da Serra, Pinheiro Preto/SC. Fonte.

Outra grande atração é a cidade de Piratuba, em que as água termais, hotéis que remetem aos estilo germânico e parques aquáticos possibilitam aos visitantes uma experiência inesquecível.

Águas Termais de Piratuba/SC. Fonte.

Já para os visitantes que têm interesse em conhecer a história da Guerra do Contestado, o O Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado localizado na cidade de Caçador/SC é um verdadeiro marco cultural de permanente informação e reflexão que guarda a memória da Região do Contestado para as futuras gerações. 

Frente do Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado, Caçador/SC. Fonte.

Outro local muito interessante é o Cemitério do Contestado,localizado na cidade de Irani/SC, em que estão sepultadas as vítimas da primeira batalha entre os caboclos e as tropas comandadas pelos coronéis em 1912, dando início à Guerra.  

Frente do Cemitério do Contestado, Irani/SC. Source.

Festas típicas

A vasta diversidade de municípios traz consigo festas típicas para celebrar a cultura dos colonizadores. A seguir a lista de cidades e festas:

Campos Novos

Em Campos Novos existem seis  tipos de Rodeios CTG nas localidades de Distrito encruzilhada, Distrito pito aceso, Fazenda do cervo, Boa esperança, Fazenda modelo, e Distrito ibicuí em diferentes meses do ano. 

Canoinhas 

Festa Estadual da Erva-Mate (Fesmate), a maior festa do município, no Parque de Exposições Ouro Verde. Em setembro.

Festa da Manteiga, no distrito de Marcílio Dias. Em novembro. 

Festa do Tiro, na sede do Clube de Tiro ao Alvo do bairro Campo d’Água. Em outubro. 

Festa do Tiro. Fonte.

Concordia 

Festa Nacional do Leitão Assado (FENAL), acontece anualmente no município. 

Frei Rogério

Sakura Matsuri – Festa da Florada da Cerejeira. Em setembro, no início da primavera.

A Festa Frutos da Paz reúne todas as culturas agrícolas da região. No segundo final de semana de fevereiro.

Frei Fest. A cada dois anos, entre janeiro e fevereiro.

Festa Sakura Matsuri. Fonte.

Itá 

Festa do dourado, no Ginásio da Servita. Em março. 

Aniversário do Município, na Praça Dr. Aldo Ivo Stumpf. Em dezembro. 

Itaiópolis 

Festa do Boi e Frango Ralados no Espeto, festa que comemora o aniversário do município. Ocorre em outubro, em estruturas montada nas ruas do bairro histórico Alto Paraguaçu.

Noite Polonesa, promovida pela Associação Cultural Polonesa. Em agosto. Salão de Festas da Igreja Santo Estanislau. Núcleo Histórico de Alto Paraguaçu.

Noite Polonesa. Fonte.

Mafra 

Heimfest, festa típica alemã, com música, danças e culinária local. Lar dos Velhinhos. Rua Gustavo Friedrich, 1.120, Vila Nova. Em março. 

Bucovinafest: bailes, apresentações folclóricas e comidas típicas celebram a tradição das famílias oriundas da Baviera (Sul da Alemanha). Em julho.

Festejos de aniversário do município: shows, feira de artesanato, comidas típicas e Festa do Produtor. Em setembro. 

Piratuba 

Noite do Havaí, no complexo Termas de Piratuba. Em janeiro. 

Kerbfest, no Centro de Eventos. Em janeiro

Kerbfest. Fonte.

Porto União 

Festa do Steinhaeger e do Xixo

Além das especialidades que dão nome à festa, serve pratos da gastronomia alemã. Há também apresentações artísticas, shows e desfiles. No Espaço Estação União. Praça Hercílio Luz, s/n, Centro. Em dezembro.

Bergbauernfest

É a Festa dos Colonos da Montanha, evento típico alemão, que resgata os costumes e as tradições germânicas. Na localidade do Maratá, a 15 km do Centro de Porto União. Em novembro.

Vargeão 

Festa da Ovelha e Jantar Italiano, realizados a cada dois anos, celebram a herança cultural dos imigrantes, com destaque para a gastronomia típica.

Videira

Festa da Vindima, evento que celebra a colheita da uva com apresentações culturais, seguidas de jantar típico italiano. Realizada todos os anos na comunidade da Rondinha, em janeiro ou fevereiro.

Expo Videira: shows, apresentações culturais, seminários de conhecimento, promoção de negócios e gastronomia típica. A cada dois anos, na Sociedade Esportiva recreativa SER BRF. Rua 10 de Setembro, 1.996 – Universitário.

Decoração de Natal

Com temáticas diferentes a cada ano, a magia do Natal cresce em Videira. O Parque do Rio do Peixe recebe iluminação especial celebrando a vinda do Papai Noel. Os pontos altos da festa são a Árvore Gigante e a Casinha do Noel. Apresentações culturais também fazem a alegria do público e das crianças.

Aniversário do Museu do Vinho Mário de Pellegrin

Celebração da fundação do Museu do Vinho e da Casa Canônica, construção de relevante valor histórico, e que conta com apresentações culturais. Em Setembro.

Gastronomia Local

A culinária da região mostra a diversidade dos colonizadores, que trouxeram consigo a cultura e os pratos típicos alemães e italianos e a comida originária dos caboclos. O Festival de Sabores do Concurso, realizado pela cidade de Porto União/SC, possibilita um circuito gastronômico, onde os visitantes têm a oportunidade de experimentar vários pratos comuns na região. Outra opção para os visitantes é o restaurante cansativo zambiano localizado em Lages/SC, que além da culinária típica italiana também traz uma coleção de receitas tradicionais da região serrana, como paçoca de pinhão, entrevero, escondidinho, farofa de carne seca, quirera, feijão tropeiro, aipim frito, couve ensopada, arroz carreteiro, feijoada, entre outras. Na cidade de Papanduva/SC os restaurantes típicos da região servem o lambari assado (de origem indígena), a farofa de charque (herança dos tropeiros) e as receitas típicas polacas, como a sopa de juliana (à base de legumes cozidos, temperados e servidos com creme) e o pierogi (semelhante a uma massa cozida recheada com ricota). Os descendentes orientais que vivem na cidade de Frei Rogério mantêm viva a cozinha japonesa, entre os muitos alimentos preparados estão Inarizushi, uma das variedades de sushi; Makizushi, pães de arroz com algas e recheios diversos; Ryugan, uma fatia de pão temperado recheado com ovo cozido, sabor picante; Sakura Mochi: massa de arroz cozido com corante vermelho derramado com folha de cereja salgada; Moti tsuki: bolo de arroz (moti) é furado no pilão de madeira e depois distribuído para os presentes na festa Sakura Matsuri. Várias pessoas se revezam no trabalho de perfurar o moti, o que simboliza o esforço humano para ter boa sorte no ano que vem; Gings khan: tiras de carne assada ou de carneiro em um fogão quente. E finalmente, as vinícolas da região do Vale do Vinho, responsável por 50% de todo o vinho produzido no Brasil, fecham com chave de ouro as delícias da região. A mistura da culinária alemã, italiana, gaúcha japonesa e tropeira, entre outras, atrai muitos turistas que vêm curtir as delícias do estado de Santa Catarina.

Os grandes atrativos do Vale do Contestado, que honram a história e a cultura locais, exemplificam as possibilidades de exploração turística na região, que resultam em maior desenvolvimento econômico e na melhoria da qualidade de vida dos moradores. O turismo local está profundamente ligado à memória da Guerra do Contestado, que faz parte da identidade cultural e importante marco histórico para os moradores da região, evidente em muitos monumentos, comemorações e pontos turísticos das cidades do Planalto catarinense.

Texto por Francine Soares de Almeida e Karen Wesseler Jung.

Referências

ATEMA, Associação do Turismo e Meio Ambiente. Festival Sabores do Contestado. Visite União, 2017. Disponível em: <http://visiteuniao.com.br/festivalsaboresdocontestado/>. Acesso em: 21 maio. 2020.

BALMANT, Evandro Klimpel. Irani – O Berço do Contestado. Blogger Turismo 2 rodas, 2012. Disponível em: <https://www.turismo2rodas.com.br/irani-o-berco-do-contestado/>. Acesso em: 21 de maio. 2020.

Conheça Pinheiro Preto, capital Catarinense do Vinho. Blogger Casa de Roda, 2018. Disponível em: <https://www.casadedoda.com/pinheiro-preto-santa-catarina/>. Acesso em: 21 maio. 2020.

Culinária Campeira e Gaúcha. Turismo Santa Catarina. Disponível em: <http://turismo.sc.gov.br/atividade/culinaria-campeira-e-gaucha/>. Acesso em: 21 maio. 2020.

Festas Típicas. Turismo Santa Catarina. Disponível em: <http://turismo.sc.gov.br/atividade/festas-tipicas/>. Acesso em: 21 maio. 2020.

O que fazer: Piratuba. Blogger Tripadvisor. Disponível em: <https://www.tripadvisor.com.br/Attractions-g2572668-Activities-Piratuba_State_of_Santa_Catarina.html>. Acesso em: 21 maio. 2020.

RIBEIRO, Edison. Águas Termais de Piratuba – SC. Blogger Destino Florianópolis. Disponível em: <http://destinoflorianopolis.com.br/aguas-termais-de-piratuba-sc/>.  Acesso em: 21 maio. 2020.

Portal de Turismo de Frei Rogério. Disponível em:<https://turismo.freirogerio.sc.gov.br/equipamento/index/codEquipamento/5786>. Acesso em: 21 maio. 2020.

Site do Restaurante Cansian Zamban. Disponível em: <https://www.cansianzamban.com.br/>. Acesso em: 21 de maio. 2020.

VIANA, Andyara Lima Barbosa. Modelos relacionais para a organização e o desenvolvimento regional do turismo. UNISC, 2012. Disponível em: <https://repositorio.unisc.br/jspui/handle/11624/404>. Acesso em: 21 de maio. 2020.

Kendo – O Caminho da Espada

08/05/2020 18:40

Kendo é uma arte marcial de origem japonesa e significa “caminho da espada”, que para os leigos pode parecer semelhante à esgrima, mas para os praticantes as diferenças são profundas e complexas. No Kendo, as espadas de bambu (shinai) e armadura são usadas para proteger a cabeça, barriga e braços. Em sua origem, o Kendo não utilizava bambu e proteções, pois foi criado a partir das técnicas de combate dos samurais (que utilizavam espadas tradicionais) no período do Japão feudal e ao longo do tempo o esporte vem se modernizando. A luta consiste em manusear a espada e acertar o adversário em pontos específicos. Além das lições de luta, os kendocas aprendem sobre respeito e disciplina, lições que estão presentes no dia-a-dia da vida japonesa. O respeito é mantido entre todos, também às roupas, ao Dojo (local de treinamento), à natureza e a tudo ao seu redor.

No Brasil existem registros de cerca de 1000 kendocas, apesar deste número não ser exato, pois muitas pessoas praticam sem estarem registradas, no Japão cerca de 1,2 milhões e no mundo 2 milhões de praticantes. O Kendo chegou ao Brasil junto com os primeiros imigrantes que já o praticavam e seus descendentes. Inicialmente praticavam apenas entre eles no interior do estado de São Paulo e mais tarde a prática se espalhou e tomou maiores proporções como a criação de vários centros de treinamento em muitos estados brasileiros. O vídeo a seguir foi gravado na Colônia Celso Ramos, na cidade de Frei Rogério – SC e relata sobre o treinamento do dia-a-dia, algumas brigas e as roupas utilizadas para a prática da arte marcial.

Referência

KOBAYASHI, Luiz. Kendo no Brasil – panorama da pesquisa e um breve histórico. Centro de Estudos Nipo-Brasileiros, 2008. Disponível em: <https://cenb.org.br/articles/display/137>. Acesso em: 17 mai. 2020.

SATO, Aline Oshiro. A História do Kendo no Brasil. Japas no Brasil, 2018. Disponível em: <https://japasnobrasil.com.br/a-historia-do-kendo-no-brasil/>. Acesso em: 16 mai. 2020.

Encantado no meio do povo: a presença do Profeta São João Maria em Santa Catarina

30/04/2020 11:40

O livro de Tânia Welter vai interessar a vários leitores. Sua prosa leve e fluente nos estimula à leitura e à reflexão ao levar-nos através de um universo contemporâneo em que a religiosidade vinculada a uma figura santa perpassa classes sociais, religiões e etnias. Estimulada por sua própria vivência como pesquisadora e professora, Tânia Welter chega à figura de João Maria sem se deter numa exploração histórica do monge João Maria e da Guerra do Contestado, tema tão amplamente tratado por vários pesquisadores. Antes, explora a contemporaneidade do universo das relações sociais que chama de “joanino”: o universo hoje dos devotos do monge João Maria. Dialoga, no entanto, com historiadores e antropólogos que tem se dedicado ao tema.
Sem descuidar de uma metodologia apropriada, mostrando ao
leitor seu processo de produção, o texto não se faz num jargão acadêmico restrito. No entanto, o leitor será conduzido às reflexões teóricas e delas desfrutará se assim escolher. Começa aqui a manifestação do respeito da autora com aqueles que se envolvem ou envolveram em seu trabalho. Ao construir a designação joanino para seu universo de pesquisa, Welter não está construindo um tipo ideal. Joanino é, antes, um dispositivo de interpretação que possibilita mostrar características de um universo multifacetado o que, em consequência, permite conhecer a amplitude do valor social e cultural da figura do monge até hoje, passados mais de 100 anos de sua morte. Esta amplitude corresponde a uma gama de “apropriações” da figura do monge em rituais que se propagam independentemente da pertença religiosa das pessoas e na definição de lugares santificados por ele. A progressiva e relativamente rápida introdução das igrejas pentecostais num universo primordialmente católico não fez regredir a devoção ao monge nem os rituais a ele relacionados.
A abordagem de Welter se contrapõe à folclorização do monge e do episódio histórico de sua origem – a Guerra do Contestado (1912-16). Tratada pelas pessoas do universo joanino como Guerra Santa, é este o fato histórico a que a memória de João Maria remete. Welter trata também com um respeito profundo as populações com quem conviveu
durante seu longo e extenso trabalho de pesquisa. O trabalho de pesquisa é um ponto alto deste livro, não só pela extensão do campo coberto mas pelo cuidado com que os registros foram feitos e organizados. É digno de nota o mérito de pesquisadora de Tânia Welter que imergiu no seu campo sem perder a perspectiva da meta de seu trabalho.
Ela mostra, então, como João Maria é ainda a figura que justifica estruturações familiares e sociais e até, em certos casos, conduz ao empoderamento feminino. Mostra como os elementos que constituem a santidade de João Maria desvendam um universo de valores sociais que perpassam classes, etnias e pertenças religiosas. Mostra como sua
santificação pelas pessoas e famílias conduz a uma identificação com a natureza ao associar o monge com águas limpas e campos férteis, e que a perspectiva do fim do mundo está presente em muitas formulações de João Maria como profeta. Mostra, ainda, que João Maria é um fator de agregação nas lutas campesinas e que tanto o poder político como o poder eclesiástico se apropriam da figura do monge de formas e em ocasiões específicas.
O livro encerra com um denso capítulo de reflexões teóricas que respondem pelo competente tratamento do material de campo. Por outro lado, são um estimulo ao nascimento de novas questões e perguntas a serem respondidas por outras pesquisas no campo das religiosidades. Neste livro, para além do dito, o propósito de incitar perguntas foi plenamente cumprido. Boas respostas conduzem a novas perguntas.

Apresentação do livro por Maria Amélia Schmidt Dickie.

Referência

WELTER, Tânia. Encantado no meio do povo: a presença do Profeta São João Maria em Santa Catarina. Sao Bonifacio: Edições do Instituto Egon Schaden, 2018.

IMIGRAÇÃO JAPONESA AO BRASIL

16/04/2020 12:11

A história se inicia no ano de 1888, quando a princesa Isabel decreta a Lei Áurea, abolindo a escravidão no Brasil. A produção de café neste período era a grande economia do Brasil e principalmente em São Paulo, porém as fazendas funcionavam com mão de obra escrava e com a abolição da escravidão surgiu por parte dos fazendeiros a ideia e a necessidade de trazer mão de obra de imigrantes.

No mesmo período, o Japão estava isolado no resto do mundo por um período de mais de 200 anos durante a dinastia EDO, governado pela família Tokogawa, não havendo guerras, epidemias e emigrantes. O problema do Japão foi que, sendo um arquipélago, logo ficaria saturado por uma superpopulação e foi o que aconteceu no final do século XIX. Com a abertura de suas fronteiras para o comércio exterior, muitos agricultores sofreram com o desemprego devido à mecanização da agricultura, outros perderam suas terras, pois não conseguiram mais pagar os impostos que passaram a ser cobrados em dinheiro e não mais por parte de suas produções, então migravam para cidades grandes que acabavam ficando saturadas de trabalhadores miseráveis. 

O problema é que antes no Brasil só era permitida migração dos cidadãos europeus, pois devido ao preconceito, a ideia era de ‘‘branquear a população’’. Apenas em 1890 o presidente Deodoro da Fonseca assinou um decreto que permitia a imigração de pessoas da África e da Ásia, mas apenas com permissão do congresso. Já em 1892 foi aprovada a lei nº 97 que permitia este processo sem restrições. 

Apesar do início do planejamento sobre a imigração entre os dois países, em 1897 ocorreu uma crise com a superprodução de café e o preço baixou muito, voltando a se recuperar apenas em 1901 e o Brasil voltou a incentivar a imigração de japoneses para trabalharem nas fazendas de café. No ano de 1905 o ministro do Japão Fukashi Sugimura, realizou uma visita até o Brasil para escrever um relatório para as autoridades japonesas, o ministro foi bem recebido e acolhido e desta forma relatou sobre o país de forma positiva. Assim se iniciaram as preparações para a vinda do primeiro navio com imigrantes japoneses que chegou ao Brasil no navio Kasato Maru, no dia 18 de junho de 1908 no porto de Santos trazendo consigo 781 japoneses. 

Porém, a chegada ao Brasil não foi como esperado pelos imigrantes, isso porque apesar de ter um acordo de negociação entre os dois governos para imigração, o agenciamento de mão de obra era realizado por empresas privadas que vivem baseadas nos lucros. A propaganda brasileira para incentivar os imigrantes foi que o café era fácil de colher com as mãos, era a ‘‘árvore que dava ouro’’ devido a grande produtividade e que os contratadores dariam moradia, porém sem especificar as condições de moradia, pois precisavam fazer com que fosse atraente para os japoneses. Então, logo viram que não enriqueceriam tão cedo para voltarem ao seu país de origem, outra dificuldade foi a adaptação com o clima, hábitos alimentares e o modo de vida em geral, além do preconceito.

Porém, depois de anos, algumas famílias acabaram conseguindo economizar o suficiente para comprar suas primeiras terras aqui, além disso, os contratos de imigração eram feitos em família ou seja os japoneses não poderiam vir para cá solteiros ou sozinhos era necessário vir em casais e com filhos. Estes fatores acabaram perpetuando a estadia dos Japoneses no Brasil.

A primeira impressão dos brasileiros para os japoneses, apesar do preconceito, foi bastante surpreendente, isso por terem vindo os japoneses de classes sociais mais baixas para cá e os brasileiros julgavam que seriam pessoas sujas e miseráveis e quando chegaram aqui até mesmo as classes mais baixas de japoneses eram extremamente limpos, organizados e educados.

Inclusive alguns trouxeram caneta e papel o que naquela época era considerado luxo para um trabalhador braçal. Apesar de todos terem dignidade educação, o preconceito ainda existia na maior parte da população e na mídia falavam mal do governo que quis trazê-los.

Devido ao isolamento no meio rural para trabalhar nas fazendas, viviam mais ou menos como viviam em seu país de origem, formaram comunidades por aqui com escola japonesa para seus filhos e continuaram falando japonês, muitos nem sequer chegaram a aprender a língua portuguesa enquanto moravam aqui. Depois do Kasato Maru, outros diversos navios vieram ao Brasil trazendo milhares de imigrantes que posteriormente se dispersaram por vários estados do país formando colônias e disseminando a cultura de seus povos.

Referências:

FREITAS, Eduardo de. Imigração japonesa no Brasil. Mundo Educação, 2018. Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/imigracao-japonesano-brasil.htm>. Acesso em: 22 mar. 2020.

KAWANAMI, Silvia. Imigração japonesa no Brasil. Japão em Foco, 2008. Disponível em: <https://www.japaoemfoco.com/imigracao-japonesa-no-brasil/>. Acesso em: 16 abr. 2020.

Texto por Alexandre Lima de Oliveira

A Guerra do Contestado: Maior Guerra Civil Brasileira

15/04/2020 16:10

A Guerra do Contestado foi um conflito armado entre os camponeses e o Exército dos estados de Santa Catarina e Paraná – região esta que não possuía as delimitações de fronteiras bem definidas, por isso o nome Contestado – entre 1912 e 1916. A construção da estrada de ferro pela empresa norte americana Brazil Railway, que ligava a cidade de São Paulo à Santa Maria, no Rio Grande do Sul, é considerada pelos pesquisadores como um dos maiores motivos do conflito. 

Juntamente à concessão para a construção da estrada, a Brazil Railway Company, criada por Percival Farquhar em 1906, passou a possuir 15 quilômetros de faixa de terra de cada lado da rodovia.Tal concessão expulsou das suas terras milhares de caboclos que não teriam mais de onde tirar sua subsistência. O grande complexo, além de atuar no ramo ferroviário, promoveu o desmatamento da região para uso em madeireiras.

Os moradores originais da região, que perderam suas terras, revoltaram-se. Destruíram estações ferroviárias, queimaram a madeireira da Lumber, a qual fazia parte da Companhia, e atacaram os coronéis, que representavam o estado. A Guerra deixou, aproximadamente, 8 mil mortos, em sua maioria camponeses pobres da região do Contestado.

O Mapa a seguir apresenta o Estado de Santa Catarina e o caminho percorrido pela ferrovia em pontilhado, com as cidades da região em destaque.

Fonte: DIACON, Todd A. Millenarian vision, capitalist reality – Brazil’s Contestado Rebelion, 1912-1916. 4 ed., Durham and London: Duke University Press, 2002. p. 47. 

Referência:

VALENTINI, Delmir José. Atividades da Brazil Railway Company no sul do Brasil: A instalação da Lumber e a Guerra na região do Contestado (1906-1916). PUCRS. Porto Alegre, 2009. Disponível em: <http://tede2.pucrs.br/tede2/handle/tede/2277>. Acesso em: 15 abr. 2020.

Texto por Karen Wesseler Jung.

 

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