IMIGRAÇÃO JAPONESA AO BRASIL
A história se inicia no ano de 1888, quando a princesa Isabel decreta a Lei Áurea, abolindo a escravidão no Brasil. A produção de café neste período era a grande economia do Brasil e principalmente em São Paulo, porém as fazendas funcionavam com mão de obra escrava e com a abolição da escravidão surgiu por parte dos fazendeiros a ideia e a necessidade de trazer mão de obra de imigrantes.
No mesmo período, o Japão estava isolado no resto do mundo por um período de mais de 200 anos durante a dinastia EDO, governado pela família Tokogawa, não havendo guerras, epidemias e emigrantes. O problema do Japão foi que, sendo um arquipélago, logo ficaria saturado por uma superpopulação e foi o que aconteceu no final do século XIX. Com a abertura de suas fronteiras para o comércio exterior, muitos agricultores sofreram com o desemprego devido à mecanização da agricultura, outros perderam suas terras, pois não conseguiram mais pagar os impostos que passaram a ser cobrados em dinheiro e não mais por parte de suas produções, então migravam para cidades grandes que acabavam ficando saturadas de trabalhadores miseráveis.
O problema é que antes no Brasil só era permitida migração dos cidadãos europeus, pois devido ao preconceito, a ideia era de ‘‘branquear a população’’. Apenas em 1890 o presidente Deodoro da Fonseca assinou um decreto que permitia a imigração de pessoas da África e da Ásia, mas apenas com permissão do congresso. Já em 1892 foi aprovada a lei nº 97 que permitia este processo sem restrições.
Apesar do início do planejamento sobre a imigração entre os dois países, em 1897 ocorreu uma crise com a superprodução de café e o preço baixou muito, voltando a se recuperar apenas em 1901 e o Brasil voltou a incentivar a imigração de japoneses para trabalharem nas fazendas de café. No ano de 1905 o ministro do Japão Fukashi Sugimura, realizou uma visita até o Brasil para escrever um relatório para as autoridades japonesas, o ministro foi bem recebido e acolhido e desta forma relatou sobre o país de forma positiva. Assim se iniciaram as preparações para a vinda do primeiro navio com imigrantes japoneses que chegou ao Brasil no navio Kasato Maru, no dia 18 de junho de 1908 no porto de Santos trazendo consigo 781 japoneses.
Porém, a chegada ao Brasil não foi como esperado pelos imigrantes, isso porque apesar de ter um acordo de negociação entre os dois governos para imigração, o agenciamento de mão de obra era realizado por empresas privadas que vivem baseadas nos lucros. A propaganda brasileira para incentivar os imigrantes foi que o café era fácil de colher com as mãos, era a ‘‘árvore que dava ouro’’ devido a grande produtividade e que os contratadores dariam moradia, porém sem especificar as condições de moradia, pois precisavam fazer com que fosse atraente para os japoneses. Então, logo viram que não enriqueceriam tão cedo para voltarem ao seu país de origem, outra dificuldade foi a adaptação com o clima, hábitos alimentares e o modo de vida em geral, além do preconceito.
Porém, depois de anos, algumas famílias acabaram conseguindo economizar o suficiente para comprar suas primeiras terras aqui, além disso, os contratos de imigração eram feitos em família ou seja os japoneses não poderiam vir para cá solteiros ou sozinhos era necessário vir em casais e com filhos. Estes fatores acabaram perpetuando a estadia dos Japoneses no Brasil.
A primeira impressão dos brasileiros para os japoneses, apesar do preconceito, foi bastante surpreendente, isso por terem vindo os japoneses de classes sociais mais baixas para cá e os brasileiros julgavam que seriam pessoas sujas e miseráveis e quando chegaram aqui até mesmo as classes mais baixas de japoneses eram extremamente limpos, organizados e educados.
Inclusive alguns trouxeram caneta e papel o que naquela época era considerado luxo para um trabalhador braçal. Apesar de todos terem dignidade educação, o preconceito ainda existia na maior parte da população e na mídia falavam mal do governo que quis trazê-los.
Devido ao isolamento no meio rural para trabalhar nas fazendas, viviam mais ou menos como viviam em seu país de origem, formaram comunidades por aqui com escola japonesa para seus filhos e continuaram falando japonês, muitos nem sequer chegaram a aprender a língua portuguesa enquanto moravam aqui. Depois do Kasato Maru, outros diversos navios vieram ao Brasil trazendo milhares de imigrantes que posteriormente se dispersaram por vários estados do país formando colônias e disseminando a cultura de seus povos.
Referências:
FREITAS, Eduardo de. Imigração japonesa no Brasil. Mundo Educação, 2018. Disponível em: <https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/imigracao-japonesano-brasil.htm>. Acesso em: 22 mar. 2020.
KAWANAMI, Silvia. Imigração japonesa no Brasil. Japão em Foco, 2008. Disponível em: <https://www.japaoemfoco.com/imigracao-japonesa-no-brasil/>. Acesso em: 16 abr. 2020.
Texto por Alexandre Lima de Oliveira